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Câncer de Próstata: Como é realizado o diagnóstico? É necessário rastreio para a doença?



O câncer de próstata é uma doença muito prevalente entre os homens, sendo o mais frequente depois dos cânceres de pele não melanoma. A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino, localizada abaixo da bexiga e envolvendo a uretra, que é o canal responsável pela passagem da urina e do sêmen.

Alterações na próstata, como o aumento de tamanho (hiperplasia benigna) ou condições inflamatórias e neoplásicas, podem impactar tanto a uretra quanto a bexiga, causando sintomas obstrutivos. O câncer de próstata, apesar de frequente, é cercado por tabus e crenças, dificultando a busca por diagnóstico e tratamento. Nosso objetivo é desmistificar o tema e avaliar a importância do rastreamento.


Quais são as manifestações clínicas?


O câncer de próstata geralmente não apresenta sintomas específicos em suas fases iniciais. Ele pode ser diagnosticado em exames de rotina, como PSA (antígeno prostático específico) ou toque retal, realizados durante o rastreamento. Quando presentes, os sintomas iniciais incluem dificuldade para urinar (hesitação urinária), urgência, aumento da frequência urinária noturna e, menos frequentemente, hematúria ou hemospermia. Esses sinais podem estar relacionados tanto ao câncer quanto à hiperplasia benigna da próstata.

Em estágios avançados, o câncer pode metastatizar, principalmente para os ossos, causando dor óssea, fraqueza, fraturas e, eventualmente, perda de peso e fadiga. Esses sintomas geralmente aparecem em casos de progressão tardia da doença.


Como é realizado o diagnóstico?


Para o diagnóstico inicial do câncer de próstata, são realizados dois exames principais. O primeiro é o toque retal, que permite ao médico avaliar o tamanho, a forma e a textura da próstata. O segundo é o exame de sangue chamado PSA, sigla para antígeno prostático específico, que mede a quantidade de uma proteína produzida pela próstata. Quando o PSA está elevado, pode indicar uma maior atividade na próstata, o que pode ser sinal de um processo maligno, como o câncer, mas também pode estar associado a condições benignas, como hiperplasia benigna da próstata.


O objetivo inicial desses exames é identificar alterações, mas eles não são suficientes para diferenciar entre uma condição benigna e um câncer de próstata. Quando há alterações significativas no toque retal ou no PSA, é necessária uma biópsia da próstata. Nesse procedimento, um pequeno fragmento do tecido prostático é retirado para análise laboratorial, permitindo confirmar ou descartar o diagnóstico de câncer.


Em casos de câncer metastático, onde o tumor já se disseminou para outras partes do corpo, o padrão diagnóstico pode mudar. Metástases ocorrem quando o câncer se espalha para órgãos ou estruturas que não têm conexão direta com a próstata. O local mais comum de metástases do câncer de próstata são os ossos, e isso pode causar sintomas como dor óssea intensa. Em situações avançadas, onde há sintomas graves e níveis elevados de PSA associados a sinais claros de disseminação óssea, pode não ser necessária uma biópsia da próstata para confirmar o diagnóstico. Nesses casos, é possível realizar biópsias de outras áreas comprometidas, como linfonodos, o que é menos invasivo.


Existem fatores de risco?


Existem fatores de risco importantes para o câncer de próstata que precisam ser analisados. A idade é um dos principais fatores: a incidência da doença aumenta com o envelhecimento. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, a cada 10 homens diagnosticados com câncer de próstata, 9 têm mais de 55 anos. Além disso, há um componente familiar. Homens que têm parentes próximos, como avô, pai ou irmãos diagnosticados com câncer de próstata antes dos 60 anos, estão em grupos de maior risco. O sobrepeso e a obesidade também foram associados a um maior risco em estudos recentes.


É necessário o rastreio para o Câncer de Próstata?


O rastreamento do câncer de próstata é um tema que gera muitas discussões, especialmente durante campanhas de conscientização e prevenção realizadas em meses como o Novembro Azul. Atualmente, o entendimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o rastreamento populacional universal para o câncer de próstata não é recomendado. O Ministério da Saúde do Brasil, alinhado com essa diretriz, também não indica o rastreamento populacional.


O rastreamento é definido como a aplicação de exames em indivíduos assintomáticos, com o objetivo de identificar a doença em estágio inicial, o que teoricamente poderia contribuir para um tratamento mais eficaz e para a melhoria da qualidade de vida. No entanto, estudos têm mostrado que, embora o rastreamento permita um diagnóstico mais precoce do câncer de próstata, ele não resultou em uma redução significativa na mortalidade ou no aumento da sobrevida dos pacientes.


Para o rastreamento, exames como o PSA e o toque retal seriam aplicados de forma ampla e, em caso de resultados alterados, haveria a necessidade de confirmação por biópsia. Porém, o risco de expor pacientes assintomáticos a intervenções, com possíveis efeitos colaterais e ansiedade, foi considerado maior do que os benefícios obtidos. Por esse motivo, optou-se por não recomendar o rastreamento populacional.


É importante ressaltar que a recomendação contra o rastreamento universal não desqualifica os exames de PSA e toque retal como ferramentas úteis no diagnóstico. Esses exames devem ser realizados com base na avaliação individual de fatores de risco, sintomas e na decisão conjunta entre o profissional de saúde e o paciente. Homens com fatores de risco, como idade avançada, histórico familiar de câncer de próstata ou condições específicas, podem se beneficiar de uma avaliação personalizada.


No Laboratório Biocenter, realizamos exames como o PSA, sempre priorizando o cuidado individualizado. Reforçamos que os exames devem ser solicitados após consulta médica, garantindo que sua indicação seja adequada às necessidades de cada paciente. Não realizamos exames ou diagnósticos sem uma análise clínica prévia. Estamos à disposição para contribuir com sua saúde de forma responsável e ética.

Referências científicas:

Hsiao CP, Loescher LJ, Moore IM. Symptoms and symptom distress in localized prostate cancer. Cancer Nurs. 2007 Nov-Dec;30(6):E19-32. doi: 10.1097/01.NCC.0000300163.13639.bc. PMID: 18025909.


Global Burden of Disease Cancer Collaboration et al. “Global, Regional, and National Cancer Incidence, Mortality, Years of Life Lost, Years Lived With Disability, and Disability-Adjusted Life-years for 32 Cancer Groups, 1990 to 2015: A Systematic Analysis for the Global Burden of Disease Study.” JAMA oncology vol. 3,4 (2017): 524-548. doi:10.1001/jamaoncol.2016.5688


US Preventive Services Task Force et al. “Screening for Prostate Cancer: US Preventive Services Task Force Recommendation Statement.” JAMA vol. 319,18 (2018): 1901-1913. doi:10.1001/jama.2018.3710

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