Durante a gestação, o corpo da mulher passa por importantes alterações imunológicas, metabólicas e endócrinas que são necessárias para acomodar o bebê em desenvolvimento. Mas, o desbalanço entre essas funções está relacionado ao desenvolvimento de algumas condições que podem colocar em risco a mãe e o bebê.
Uma destas condições é a Síndrome Hellp!
A Síndrome Hellp ocorre em menos de 1% das gestações e se caracteriza pela presença de hemólise, aumento dos níveis de enzimas hepáticas e diminuição do número de plaquetas (trombocitopenia).
Muitos estudos sugerem que essa síndrome seja considerada uma forma grave de pré-eclâmpsia, uma condição que se caracteriza pelo aumento da pressão arterial e da presença de proteínas na urina (proteinúria) durante a gravidez. Contudo, a hipertensão e a proteinúria aparecem apenas em 80% dos casos da Síndrome Hellp.
Quais são os seus sintomas e fatores de risco?
A maioria dos casos ocorre entre a 27ª e a 37ª semana da gravidez. Porém, cerca de 30% dos casos ocorrem de 2 a 7 dias após o parto. Estes casos costumam ocorrer em mulheres que apresentam pré-eclâmpsia e possuem maior risco de falência renal e edema pulmonar.
Entre os principais sintomas da Síndrome Hellp destacam-se a dor no abdômen superior direito (dor epigástrica), náusea e vômito. Algumas mulheres também apresentam dor de cabeça e sintomas visuais. Além disso, sinais como dor nas costas e no ombro direito, anemia e hipotensão podem indicar o rompimento de hematomas e vasos sanguíneos hepáticos. Neste caso, a realização de exames de imagem é essencial para o seu rápido diagnóstico.
Como esta síndrome possui manifestações clínicas pouco específicas, é importante que o médico preste atenção às nuances do histórico clínico e alterações nos exames laboratoriais do paciente, dado que a síndrome Hellp pode ser confundida com hepatites virais, colangite (obstrução e inflamação das vias biliares), fígado gorduroso agudo da gravidez, entre outras condições.
Como é feito o diagnóstico Síndrome Hellp?
O diagnóstico leva em consideração a tríade sintomática comporta por hemólise, alterações hepáticas e trombocitopenia.
A hemólise se refere à ruptura das células sanguíneas, principalmente das hemácias e é secundária ao dano na parede dos vasos sanguíneos (endotélio) e à deposição de fibrina, uma proteína essencial para o processo de coagulação do sangue, na parede desses vasos. Este processo, pode ser identificado pela diminuição do hematócrito e dos valores de hemoglobina no hemograma.
Além disso, as lesões vasculares estão relacionadas à ativação e aumento do consumo periférico de plaquetas, o que promove a diminuição do número de plaquetas (trombocitopenia) na corrente sanguínea e aumenta o risco de ocorrer hemorragias.
Já as alterações hepáticas refletem os danos no funcionamento do fígado e pode ser avaliado através dos níveis de enzimas como a aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT), que são liberadas na corrente sanguínea em resposta à lesão hepática.
Existe tratamento para a Síndrome Hell?
Os tratamentos disponíveis se baseiam nos sintomas apresentados. Dessa forma, podem ser utilizados anti-hipertensivos para o manejo do aumento da pressão arterial e corticoides com o objetivo de amadurecer o pulmão do bebê e elevar o número de plaquetas da mãe. No entanto, os medicamentos só devem ser utilizados sob orientação e prescrição médica.
Vale ressaltar que os mecanismos que levam ao desenvolvimento da Síndrome Hellp estão começando a ser compreendidos. Por isso, os estudos ainda apresentam muitas limitações no que diz respeito não apenas à origem da doença, mas também em relação ao seu tratamento.
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Referências:
Dusse L. M, Apoim P. N, Silva J. T, Rios D. R. A, Brandão A. H, Cabral A. C. V (2015) Revisiting HELLP syndrome. Clinica Chimica Acta.
Stojanovska V, Zenclussen A. C (2020). Innate and adaptative imune response in Hellp Syndrome. Frontiers in Immunology.
Wallace K, Harris S, Addison A, Bean C (2018). Hellp syndrome: Pathophysiology and current therapies. Current Pharmaceutical Biotechnology.
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