Dietas restritivas estão cada vez mais em alta devido à busca pelo corpo perfeito. Mas saiba que, em alguns casos, a restrição alimentar não é meramente para fins estéticos e sim uma questão de saúde, como no caso da doença celíaca.
A doença celíaca é um distúrbio digestivo crônico que lesiona ao longo do tempo o intestino delgado. Esse distúrbio é considerado uma doença autoimune originada por uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância presente nos alimentos, o glúten. O glúten é uma combinação de proteínas que estão naturalmente presentes em cereais como o trigo, a cevada e o centeio.
Ao ingerirmos alimentos que contêm glúten, as proteínas ainda não totalmente digeridas dessa substância atingem nossa parede intestinal interna. O problema é que para pacientes portadores de doença celíaca, a presença destas proteínas acaba por ativar as respostas imunes do organismo. Essa ativação imunológica gera um processo inflamatório na parede do intestino delgado que compromete a superfície da mucosa intestinal, resultando em uma absorção anormal de nutrientes.
Como o trigo é um alimento básico em nossa alimentação, o glúten está presente em diversos outros derivados, como pães, macarrão, biscoitos e bolos, restringindo bastante a lista de alimentos que podem ser consumidos por pessoas celíacas.
Quais as causas da doença celíaca?
A ciência ainda investiga as possíveis causas para o desenvolvimento da doença, e o que se sabe até então é que ela requer tanto a ingestão de glúten quanto uma predisposição genética.
A doença celíaca quase sempre acomete pessoas que apresentam duas variantes genéticas (chamadas de DQ2 e DQ8) em células do sistema imune. No entanto, como apenas uma fração de pessoas DQ2-positivas ou DQ8-positivas que consomem glúten desenvolvem o distúrbio, é provável que outros fatores genéticos e ambientais também participem no início da doença.
Pesquisas sugerem que, entre crianças com predisposição genética à doença, aquelas que consomem mais glúten na primeira infância podem ter um risco maior de serem celíacos.
Geralmente a doença celíaca é mais prevalente em mulheres, podendo afetar todas as etnias e se desenvolver em qualquer idade após a introdução do glúten na dieta. Existem outros fatores, ainda em estudo, que potencialmente aumentam as chances de desenvolvimento da doença. Infecções recorrentes no trato digestivo no início da vida e alterações na microbiota intestinal - as bactérias que habitam nosso intestino - também podem ter um papel no desenvolvimento da doença celíaca.
Sintomas mais comuns
Os sintomas da doença celíaca podem variar de pessoa para pessoa. Em geral, são mais comuns problemas digestivos em crianças do que em adultos. Os sintomas podem incluir inchaço abdominal, diarreia crônica, constipação, intolerância à lactose devido a danos no intestino delgado, presença de gordura nas fezes, náusea ou vômito e dor no abdômen.
Outro ponto bastante relevante são os efeitos da má absorção dos nutrientes pelo intestino em crianças portadoras de doença celíaca. Nesta fase, uma má absorção intestinal pode acarretar prejuízos para o desenvolvimento da criança, como danos permanentes no esmalte dos dentes, crescimento lento e baixa estatura, perda de peso e mudanças de humor.
A maioria das pessoas com doença celíaca pode apresentar um ou mais sintomas antes de serem diagnosticadas e iniciarem o tratamento. Os sintomas geralmente melhoram e podem desaparecer depois que a pessoa adota uma dieta sem glúten. No entanto, a sintomatologia pode retornar se a pessoa voltar a consumir glúten, mesmo que em pequenas quantidades. Além disso, pessoas com doença celíaca que não apresentam sintomas ainda podem desenvolver complicações ao longo do tempo se não forem tratadas.
Diagnóstico da doença
O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue e biópsias do intestino delgado. A doença celíaca geralmente não é diagnosticada com base apenas nos sintomas, pois a sintomatologia pode ser confundida com outros distúrbios digestivos, como a síndrome do intestino irritável ou intolerância à lactose.
A avaliação do histórico familiar é muito importante para uma triagem inicial devido ao forte componente genético da doença. Exames físicos também podem ser utilizados para ajudar no diagnóstico. Sinais de perda de peso, inchaço abdominal e defeitos no esmalte dos dentes podem ser indícios relevantes.
Já os exames de sangue ajudam na detecção de anticorpos específicos para o glúten (IgE) que costumam estar com níveis elevados em pessoas com doença celíaca não tratada. Além disso, biópsias do intestino delgado podem ser requisitadas pelos médicos com o intuito de avaliar o tecido intestinal na procura de sinais da doença.
Existem ainda os modernos testes genéticos não invasivos HLA DQ2 e DQ8, que analisam o DNA do paciente através da coleta de amostra de sangue ou de células da boca. Neste tipo de teste é identificada a presença das variantes gênicas DQ2 e DQ8 que fornecem forte indício de presença de doença celíaca. No entanto, a presença das variantes não deve ser interpretada como diagnóstico final, pois existem pessoas que as possuem, mas não desenvolvem a doença.
O diagnóstico definitivo deve sempre considerar exames laboratoriais, histopatológicos e clínicos, além do histórico familiar.
O Laboratório Biocenter preza pela excelência na realização de exames laboratoriais. Contamos com um portfólio de exames que incluem os testes genéticos HLA DQ2 e DQ8 e a pesquisa de anticorpos específicos para o glúten (igE), sempre com o objetivo de garantir um diagnóstico preciso e seguro.
A doença celíaca é um distúrbio sério e não deve ser negligenciado.
A má absorção de nutrientes devido ao processo inflamatório de longo prazo no intestino pode acarretar anemia, desnutrição e osteoporose. Danos permanentes ao tecido intestinal podem levar também ao desenvolvimento de câncer no intestino delgado em casos mais graves. Outras complicações podem incluir prejuízos na absorção de alimentos que contém lactose e desenvolvimento de intolerância à lactose. Além disso, cientistas descobriram ser recorrente pessoas com doença celíaca, possuírem algum outro distúrbio relacionado ao sistema imunológico, como a diabetes tipo 1, por exemplo.
O tratamento consiste na adoção de dietas restritivas aos alimentos que contêm glúten em sua composição. Para a maioria das pessoas, a eliminação do consumo do glúten melhora significativamente os sintomas da doença, inclusive reparando os danos no tecido intestinal. Por fim, o acompanhamento nutricional torna-se fundamental para elaborar um planejamento alimentar saudável e com alimentos que possam substituir aqueles que contêm glúten.
Nós, do Laboratório Biocenter, assumimos o compromisso de deixá-los sempre bem-informados e atualizados, trazendo conteúdos relevantes e de qualidade para você.
Referência:
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